segunda-feira, 20 de abril de 2009

ENTREVISTA COM TICHA PENICHEIRO


ACREDITEM NOS SONHOS E LUTEM PELA SUA CONCRETIZAÇÃO

Aproveitando a sua estadia em Portugal e, em particular, a sua presença no pavilhão multidesportos de Coimbra, em mais uma etapa do Circuito Ticha Penicheiro, organizado pela Secção de Basquetebol da AAC, tive o privilégio de falar com a Ticha e colocar-lhe algumas questões:

Carlos Gonçalves (CG) – O que representa para si estar junto de toda esta juventude?
Ticha Penicheiro (TP) - É um prazer. Sei que muitas destas meninas, que aqui estão a jogar basquete, sabem quem eu sou através das televisões ou dos jornais e nunca tiveram a oportunidade de me verem em carne e osso, pois, normalmente estou muito pouco tempo em Portugal e quando cá venho é uma visita tipo médico.
É muito bom estar aqui. Já passei pela idade delas, já tive os sonhos que provavelmente elas têm, que é jogar basquetebol e , até talvez, a um nível profissional. É bom verem que eu existo, que não sou só uma lenda da televisão. E se tudo isto me aconteceu a mim, uma menina da Figueira da Foz, que começou a jogar há tantos anos no Ginásio Figueirense, também pode acontecer a qualquer uma delas. Só têm de trabalhar bem, terem um pouquito de sorte e acreditarem nos seus sonhos.

CG – Não é este o primeiro Circuito que está presente?
TP -
Em Coimbra sim. Pois cheguei ontem a Portugal e consegui estar aqui hoje. Estive no Calvão, numa iniciativa deste género e para surpresa minha, estavam mais de trezentas meninas de todo o país. Ver a alegria que eu transporto, quando elas pedem um autografo, uma fotografia ou me fazem perguntas. Nem eu espera que tivesse este impacto na vida delas. Para elas é muito bom, mas, também para mim, é muito gratificante.

CG – Está cá hoje por um motivo infeliz, perdeu no play-off em Itália. Depois da grave lesão que sofreu, conseguiu recuperar de forma fantástica e voltar a apresentar-se ao mais alto nível.
TP - Senti-me muito bem. A minha equipa em Itália, havia subido à primeira divisão, tinha atletas muito jovens e inexperientes. Coube-me, a mim, como a mais experiente jogar os quarenta minutos. Adoro Itália e foi uma experiência muito boa, esta de ter estado a jogar em Milão. A liga italiana é muito competitiva e conseguimos acabar em sexto lugar, entre catorze equipas. Em resumo estou muito satisfeita com a minha prestação individual e colectiva.

CG – E o futuro ?
TP - Não sou muito de pensar no futuro. Vivo o presente. O futuro nunca é garantido, pois, não sabemos o dia de amanhã. Tento gozar todos os dias, pois, o basquetebol ainda me diverte muito, embora a motivação já não seja a mesma. Estou consciente de que é uma profissão que não posso ter para a vida toda e tenho de aproveitar o máximo, enquanto me sentir com vontade de jogar, de correr, de viajar, e tiver saúde, pois, tudo isto, também é uma vida muito cansativa.

CG – Quando voltaremos a ver a Ticha na Selecção Nacional ?
TP -
É muito difícil. A última vez que estive presente, foi também uma coincidência de datas. Estou completamente comprometida e é difícil estar presente. Neste momento, ainda não anunciei nada do meu futuro. Com trinta e cinco anos, quando tenho alguns, poucos, tempos livres, nem quero pensar em basquetebol.

CG – Que mensagem quer deixar para a juventude ?
TP -
Que se divirtam. O mais importante nesta idade é que se divirtam umas com as outras. Aproveitem para fazer amizades. O Basquetebol já me deu tanta coisa, muito mais do que eu alguma vez imaginei. Se tiverem sonhos, sejam quais for, não é só sonhar em ser jogadora de basquetebol, mas também médicas, professoras ou seja o que forem, que acreditem nesse sonho e lutem pela sua concretização.