Com este texto termino a sequência de artigos sobre a riqueza do minibásquete e sobre as razões pelas quais, partindo do modelo de educação anteriormente enunciado, defendi, que esta modalidade em comparação com outras, é mais rica do ponto de vista pedagógico e educativo.
No entanto será que esse valor acrescentado do minibásquete relativamente a outras modalidades é o factor decisivo para que pais e crianças, depois de experimentarem a actividade, se fidelizem ao minibásquete?
Nas intervenções e acções de formação, em que abordo este tema, normalmente termino com o seguinte desafio/pergunta.
Imaginemos, que existe um pavilhão com três campos transversais onde decorrem um treino de andebol com o treinador A, um treino de basquetebol com o treinador B e um treino de voleibol com o treinador C. Durante um mês um grupo de crianças dos 8 aos 10 anos, que nunca praticou nenhuma actividade desportiva, vai experimentar as três modalidades e no final terá de optar por uma das modalidades. Que modalidade vão as crianças escolher e porquê?
Propositadamente, por razões culturais, deixei o futebol de fora e fui buscar três modalidades de pavilhão, que à partida não terão grandes diferenças do ponto de vista de impacto na comunicação social em Portugal.
Que seja do meu conhecimento, uma situação destas nunca foi testada, mas toda a minha vivência com crianças, diz-me que a opção pouco terá a ver com o valor educativo e pedagógico da modalidade, mas com a qualidade de intervenção do professor/treinador. É claro que devemos ficar muito satisfeitos com a riqueza da nossa modalidade, mas para a fidelização das crianças à actividade não é o factor decisivo.
Como costumo dizer, ninguém passa pela vida de uma criança sem deixar uma marca. A principal responsabilidade do jovem ou do adulto que lida com crianças é que essa marca seja para todas as crianças, positiva.
Diz-me a experiência e depois do que tenho observado pelo país inteiro, que existem alguns comportamentos que considero desadequados para quem está a ensinar os mais jovens, mas são, na minha opinião e felizmente, uma minoria. Se do ponto de vista dos conteúdos das aprendizagens, ainda há um longo caminho a percorrer, do ponto de vista do relacionamento, a maioria das pessoas que ensina minibásquete tem uma boa relação com as crianças.
Um dos factores, pelos quais o minibásquete tem crescido, e se tem cimentado, seja em clubes grandes ou em clubes pequenos, passa pela qualidade de intervenção humana. Para ilustrar o que acabo de dizer cito dois nomes, de muitos que conheço, o Pedro Rojão do Benfica e o Adriano Pereira do ATC de Joane.
(texto de San Payo Araújo em www.planetabasket.pt"